Uma dúvida que mudou tudo: Como o Rotary ajudou a transformar jardins… e uma instituição

José Manuel RaposoClubes em Ação3 meses atrás39 Visualizações

Por João Moura, Rotary Satellite Club of Oeiras – Lean

Tudo começou com uma dúvida. Uma simples pergunta, quase tímida, sobre uma rotina que “sempre foi assim”. Na CERCI Peniche, seis trabalhadores, divididos em duas equipas de três, cuidavam de 70 jardins em cinco localidades do concelho. Um trabalho diário e contratado, coordenado pela estrutura interna “Beija Flôr”. Nada parecia estar errado. Mas… e se pudesse estar melhor?

Foi esta inquietação que levou Ana Prioste, assessora da direção da CERCI, a contactar Jorge Paulino, membro do Rotary Club de Peniche e Embaixador Lean. Ana conhecia projetos de melhoria anteriores e quis saber: seria possível otimizar o serviço de jardinagem e, quem sabe, libertar algum tempo para tarefas na própria sede?

Dessa dúvida nasceu uma equipa. João Costa (responsável pelo Beija Flôr), Ana Prioste, Jorge Paulino e João Moura (Lean Sensei) uniram-se para aplicar o Kobetsu Kaizen, um método associado à filosofia Lean com 11 passos rigorosos que conduzem qualquer organização por um percurso de descoberta, mudança e compromisso.

Começou-se pela análise detalhada. Foram recolhidos dados exaustivos: número de clientes, áreas a intervencionar, distâncias, tempos, ferramentas, meios de transporte. Descobriu-se um desperdício invisível: mais de 23.700 km por ano em deslocações, 9.500 euros em custos e 4.400 kg de CO₂ emitidos — desperdício do Tipo 1 em Lean, ou seja, movimentação sem valor acrescentado.

Seguiram-se 100 horas de trabalho e 22 reuniões ao longo de 30 semanas. Mediram-se relvados, contaram-se árvores, comprimentos de sebes, compararam-se folhas de obra. Foi criado um simulador de rotas e uma tabela precisa com tarefas e tempos. O esforço foi imenso, mas nele floresceram os três pilares: aprendizagemcooperação compromisso.

aprendizagem revelou a complexidade oculta nas rotinas. A cooperação uniu saberes de jardinagem, logística, legislação e “ferramentas” de Melhoria. O compromisso sustentou o grupo nas revisões sucessivas e no desejo de fazer melhor.

A proposta final trouxe ganhos claros: menos 32% de custos operacionais, 15.960 km anuais, 6.360 euros e 2.953 kg de CO₂. E o mais surpreendente: o trabalho de um mês podia agora ser feito em apenas 11 dias úteis, libertando 10 dias para tarefas internas e até para novos clientes, desde que dentro do novo planeamento.

Mais do que uma transformação operacional, foi uma revolução silenciosa na vida das pessoas envolvidas. Uma história de serviço rotário em ação, onde o Rotary levou conhecimento, visão de futuro e desenvolvimento sustentável a uma IPSS local.

Tudo começou com uma dúvida. E com ela, o Rotary mostrou, mais uma vez, que a mudança começa quando alguém tem coragem de perguntar: “e se?”

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