Henrique Gomes de Almeida: uma vida dedicada a servir com emoção e amor

Entrar em Rotary foi, para Henrique Gomes de Almeida, um marco na sua vida. O momento remonta a 2 de agosto de 1990, quando recebeu, do então governador do distrito, José Carlos Estorninho, o emblema de Rotary. A semente havia sido plantada muito antes, em 1965, no Brasil, ao testemunhar a resiliência e a alegria de uma amiga de juventude que, apesar das limitações deixadas pela poliomielite, irradiava força e esperança. Anos mais tarde, já em Portugal, dá-se o reencontro com o ideal de serviço através do Rotary Club Cascais-Estoril (RCCE) e da campanha contra a pólio.

Três décadas de serviço

Ao longo de mais de 35 anos, desempenhou todos os cargos da estrutura do seu clube, onde foi presidente nos anos 1995-1996 e 2020-2021. Entre os momentos mais marcantes, recorda a sua primeira tomada de posse como presidente do clube, no Hotel Estoril Sol, com os pais presentes, no dia de aniversário do seu pai, sem imaginar que seria o último ano de vida deste.

O RCCE mantém uma intensa e diversificada ação na comunidade, incluindo parcerias com a Santa Casa da Misericórdia de Cascais, o Lyons Clube local, IPSS do concelho, Junta de Freguesia e Câmara Municipal. Entre as iniciativas emblemáticas, destaca-se a inauguração de uma rotunda em homenagem ao ex-presidente de Rotary International (RI) Paulo Viriato Correia da Costa, a entrega de cadeiras de rodas a pessoas e instituições carenciadas e a distinção do clube, em 1996, como “Organização Social mais importante do Ano” pelo Município de Cascais.

Do empresário ao pianista

Com formação em Engenharia e Economia, sublinha que a sua experiência como empresário, em Portugal e no Brasil, e gestor público no Brasil, foi determinante para os seus contributos em Rotary. Hoje, dedica-se também à música, regressando ao piano clássico após mais de 50 anos de pausa e brinca dizendo que o “empresário, engenheiro e economista deu lugar ao pianista e ao jurista… porque vivo de juros”.

Plantar sementes do amor

Como Governador do Distrito 1960, no ano rotário 2002-2003, pautado por fortes emoções e inspirado pelo lema do Presidente de RI Bhichai Rattakul, Plante Sementes do Amor, mobilizou o distrito para a educação e a erradicação da pólio, num momento crítico de falta de recursos. Criou os “Quadrinhos da Pólio”: tratava-se de diplomas de reconhecimento a quem doasse 100 euros, abrindo a campanha à comunidade em geral. O resultado foi um êxito em fundos, com forte impacto na imagem pública de Rotary, graças aos “Presidentes de Ouro” e à “Equipa de Ouro”. Outro ponto alto foi a Conferência Distrital em Vilamoura, com mais de 730 participantes e oradores como José Hermano Saraiva e Marcelo Rebelo de Sousa, então comentador de TV e hoje Presidente da República.

Servir a vários níveis

Após ter servido como Governador de Distrito, continuou a desempenhar outros cargos, tendo sido presidente da Comissão Distrital da The Rotary Foundation (TRF) durante dois anos rotários, coordenou as Comissões Interpaíses a nível nacional e liderou a Associação Portugal Rotário. Ao nível internacional, foi Coordenador de Alfabetização da Zona 13, Training Leader na Assembleia Internacional (2008 e 2009) e Coordenador da TRF para as Zonas 12, 13 e 19, abrangendo vários países europeus. Representou Presidentes de RI em conferências na Europa e no Brasil, reforçando laços e parcerias, especialmente com clubes brasileiros, fruto das suas raízes e afinidade cultural.

Dar de si antes de pensar em si

O lema que norteia a sua vida rotária tem origem na sua primeira motivação: combater a poliomielite, em memória da amiga de infância. Com o tempo, o compromisso alargou-se a todas as áreas de ação do Rotary, saúde, educação, combate à pobreza e promoção da paz.

Para o ex-governador Henrique Gomes de Almeida, a liderança mais eficaz é a que se exerce “pela emoção, pelo amor”, inspirando o Ágape, o amor à humanidade e às causas. “Rotary é a emoção de servir com Amor.”

Inspirar jovens e criar novas lideranças

Henrique acredita que os projetos rotários influenciam diretamente os jovens, despertando neles a vontade de serem úteis e de se destacarem positivamente nas suas comunidades. Esse envolvimento pode ser o ponto de partida para que surjam novas lideranças locais e para a integração de jovens em Rotary, Rotaract e Interact.

Para ele, é fundamental que os rotários mais jovens, e não só, participem ativamente nos projetos, pois isso gera motivação pessoal, experiências inesquecíveis e fortalece o espírito de corpo, criando uma ligação mais estreita entre o clube e a comunidade.

Rotary ontem, hoje e amanhã

Citando Paul Harris, o fundador do Rotary International, “o mundo está em permanente evolução e o Rotary deve evoluir também, mantendo as suas raízes e valores”.

Henrique recorda a Conferência Presidencial de 2009, no Cairo, dedicada ao futuro do Rotary, onde se anteciparam tendências como o papel das redes sociais e da comunicação digital. Muitas dessas ideias já se concretizaram. Para ele, a flexibilidade atual do Rotary prova a sua adaptação às mudanças globais.

Motivação que não esmorece

O que mantém ativo este rotário com 35 anos de serviço é a paixão pela The Rotary Foundation, o companheirismo que caracteriza o seu clube e a amizade internacional que Rotary lhe proporcionou. “É uma felicidade chegar a um país e ser recebido como se nos tivéssemos despedido ontem à noite, mesmo sem nos conhecermos pessoalmente. Sementes do amor que deram bons frutos…

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