Ler, Compreender e Interpretar

Saber ler é compreender ideias, interpretar o que está diante de nós, ´navegar a realidade com autonomia. A educação básica, a alfabetização e a literacia formam o tripé sobre o qual se ergue a cidadania plena.

É nos primeiros anos de vida de uma pessoa que se estabelece a base de todas as aprendizagens futuras. Quando essa base é sólida, a criança desenvolverá a capacidade de pensar criticamente, comunicar-se de forma eficaz e construir o seu lugar no mundo. Por outro lado, quando essa base é frágil, compromete-se o percurso escolar e toda uma vida futura.

A alfabetização, porta de entrada para o conhecimento, é muito mais que simplesmente juntar letras e formar palavras. A literacia, entendida como a capacidade de usar a leitura e a escrita para compreender e agir sobre o que nos rodeia, é o passo seguinte, permitindo-nos ler um contrato, interpretar um aviso médico, compreender as notícias ou votar de forma informada.

Em pleno século 21, milhões de pessoas ainda vivem privadas dessa competência essencial. Segundo a UNESCO, mais de 770 milhões de adultos em todo o mundo têm níveis de literacia limitados. A maioria são mulheres e os impactos vão muito além da vida individual. Sociedades onde a literacia é baixa enfrentam maiores desigualdades, crescimento económico limitado e instituições mais frágeis.

A educação básica de qualidade é o alicerce para todas as transformações sociais. Em países onde foi garantida universalmente, houve melhorias consistentes na saúde pública, na igualdade de género e no desenvolvimento sustentável. Uma criança que aprende desde cedo a ler e a pensar ganha ferramentas para escapar ao ciclo da pobreza. Ganha também a possibilidade de fazer escolhas, sonhar, inovar.

A ciência confirma que a janela mais sensível para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e linguísticas é a infância. Investimentos feitos nesta fase rendem mais do que qualquer outro no ciclo de vida. A literacia precoce melhora o desempenho escolar futuro, reduz o abandono e aumenta as hipóteses de prosseguir estudos superiores. Tudo começa com um livro aberto, uma conversa atenta, uma professora dedicada.

Em comunidades onde o acesso à educação é desigual, pequenas intervenções podem mudar destinos. Uma biblioteca escolar bem equipada, um programa de leitura em voz alta, ou a simples formação continuada dos docentes fazem diferença.

Por isso, defender a educação básica, a alfabetização e a literacia é uma urgência ética, económica e civilizacional. A leitura é a chave. Sem ela, o mundo fecha-se. Com ela, tudo se torna possível.

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